De acordo com o seu PPP “Semeando valores”, o EDI tem como objetivo difundir, em todos que fazem parte da comunidade escolar, valores éticos básicos indispensáveis à formação do ser humano e de suas relações sociais. Já o AEE tem como um de seus objetivos, de acordo com o Decreto n 7611, de novembro de 2011, prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir apoio necessário de acordo com as especificidades individuais dos estudantes. Como também, planejar, criar e potencializar o uso de recursos pedagógicos e de acessibilidade, capazes de eliminar barreiras para a participação efetiva das crianças, considerando suas necessidades específicas.
No entanto, não havia no EDI uma Sala de Recursos Multifuncional (SRM) e nem outro espaço estruturado para o acolhimento e atendimento especializado que desse conta das necessidades das crianças portadoras de deficiência. O AEE era realizado por uma professora itinerante, que confeccionava materiais com sucata. Faltavam materiais, recursos e jogos pedagógicos específicos e resistentes, bem como um espaço estruturado que dessem à esse grupo o direito de, como proposto no Currículo Carioca do RJ, reassumir as interações e brincadeiras como eixos basilares, acolhendo também o direito à aprendizagem, de acordo com as necessidades específicas de cada um.
Para dar início ao projeto, necessidades específicas e interesses das crianças com deficiência matriculadas no AEE, foram listados em uma planilha, a partir do PEI de cada uma. A seguir, foram pesquisados na internet materiais que pudessem atender às especificidades e interesses de cada uma e seus endereços eletrônicos passados para a planilha, orçados e alguns comprados.
A sala de reunião foi pintada e ganhou prateleiras, tapete sensorial construído com sucata, almofadas e um painel móvel com uma rotina de imagens feitas com PCS onde foi anexada uma caixa de “ acabou”. Foi confeccionada também uma caixa de brinquedo móvel “Caixa da inclusão”, que proporcionou o brincar em diferentes locais do espaço escolar e cotidiano, na companhia de responsáveis e educadores.
No novo espaço, as crianças puderam escolher imagens relacionadas aos seus centros de interesse e organizá-las no final do painel, sendo a rotina iniciada sempre com as escolhas feitas pela professora do AEE, de acordo com objetivos elencados no PEI.
Dentre os novos materiais, havia uma casa de pano, que tornou o ambiente ainda mais lúdico e convidativo, estimulando o faz de conta.
Foi adquirido também um tablet, que possibilitou a criação no Wordwall, de jogos personalizados com imagens das crianças e tinham como pano de fundo os interesses dos alunos (como fundo do mar, floresta ou Halloween), e as letras de seus nomes embaralhadas para serem reorganizadas manualmente.
Por fim, foi construído um gráfico de expressões faciais (emoji) e fotos das crianças presas em pregadores, para que pudessem ter voz e expressar suas emoções após a exploração dos recursos.
O projeto oportunizou o acolhimento das crianças com deficiência em um espaço seguro e favoreceu a autorregulação. A diversidade de recursos lúdicos facilitou a estruturação da rotina e o painel com PCs ofereceu, tanto previsibilidade, quanto protagonismo, a partir do poder de escolha. As crianças passaram a aceitar novos materiais com menos resistência, por esse fato ser um pré requisito para posteriores escolhas. Passaram a compreender a troca de turnos e se expressar melhor, mesmo que através de uma comunicação multimodal. A caixa móvel oportunizou o brincar em diferentes locais e mais oportunidades de escolhas e de vivenciarem outras experiências. Recursos como o tablet, possibilitaram a personalização das atividades e alguns alunos passaram a brincar com as letras e montar seus nomes sem tanta resistência.
Destarte, o projeto favoreceu a eliminação de possíveis barreiras impeditivas à plena participação e acesso das crianças ao direito de aprendizagem.
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