O projeto surgiu a partir de duas situações: a primeira, após observarmos um grande interesse das crianças pelas atividades realizadas com espelhos, em frente dos quais geralmente permaneciam um bom tempo admirando seus reflexos; a segunda, quando notamos entusiasmo e curiosidade dos pequenos quando, posteriormente à leitura do livro Da minha janela, do escritor Otávio Júnior, os colocamos para olhar a vista da janela da sala de aula.
Aproveitamos que a creche está localizada em Vila Isabel, um bairro recheado de história e representatividade, e pensamos em algo que pudesse contribuir com o processo contínuo de autoconhecimento e autonomia, já que entendemos que ter consciência de nós mesmos, do nosso papel, da nossa importância, da nossa origem e da nossa história é o que permite sermos atuantes nos meios em que vivemos.
O projeto foi dividido em quatro momentos: no primeiro, trabalhamos a autoestima das crianças propondo atividades que destacassem suas diferenças e enaltecessem cada uma delas. Finalizamos esse momento com um baile real intitulado Todo Menino É Um Rei, inspirado na canção homônima do sambista e compositor Roberto Ribeiro. No segundo momento, trabalhamos o bairro: criamos dois personagens inspirados nos nomes de duas de suas celebridades – Martinha e Noel – que acompanharam as crianças ao longo de um passeio pelas calçadas musicais do bairro de Vila Isabel. No terceiro momento, falamos das famílias em seus diversos formatos e finalizamos com uma culminância inspirada na obra do museólogo e professor Mário Chagas: realizamos um Museu do Nada, para o qual as famílias trouxeram objetos que contassem uma história compartilhada com todos da sala de aula.
Nosso projeto teve como referências obras de Heitor dos Prazeres e Artur Timóteo da Costa. Na parte musical utilizamos Chiquinha Gonzaga, Martinho da Vila, Noel Rosa, entre outros. Usamos os livros O cabelo de Lelê, Pedrinho cadê você?, Amoras e O pequeno príncipe preto, entre outros.
O projeto proporcionou às crianças experiências e vivências significativas. Acreditamos que elas entenderam o valor das diferenças e que não somos todos iguais. Ter essa representatividade foi de extrema importância e necessidade, já que muitos puderam se reconhecer como pertencentes àquele espaço. Mostrar o bairro também foi muito significativo, já que o aprendizado foi pautado na realidade dos pequenos.
Esperamos que cada história vista da janela do berçário EI-13 seja a primeira de muitas que estão por vir.