Sou graduada em Letras-Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde fiz parte da primeira turma de alunos cotistas no Brasil. Também tenho pós-graduação lato sensu em Ensino de Leitura e Produção Textual.
Atualmente, sou professora regente no Município, lotada na E.M. Embaixador Barros Hurtado (4ª CRE), em Cordovil, uma escola que tem como projeto ser modelo de uma educação antirracista.
Também faço parte da Rede de Professores Antirracistas e fui agraciada em 2019 com o Prêmio Comdedine, na Categoria E, como professora orientadora.
Os alunos do 7º e 9 º anos da unidade escolar foram orientados a produzir debates orais regrados e seminários sobre assuntos relacionados à sociedade. As turmas foram divididas em grupos e cada grupo tratou de um tema específico.
Com a ajuda do professor de Língua Portuguesa e do mediador (entende-se mediador aqui como o professor de outra disciplina que também auxilia o grupo), os alunos foram orientados a realizar pesquisas, produzir relatórios, confrontar informações e investigar contextos históricos, entre outras possibilidades.
Durante o período de preparação, utilizamos a consciência metatextual, que é um tipo de atividade metalinguística segundo a qual o estudante toma como objeto de reflexão e análise o texto, através de um monitoramento das propriedades que o configuram.
Aliado a essa prática, todo um processo de letramento racial foi trabalhado com o grupo de alunos e várias habilidades desenvolvidas, como por exemplo:
O projeto político-pedagógico da E.M. Embaixador Barros Hurtado estabelece em sua estrutura que: “a compreensão das várias formas de comunicação e as releituras feitas no cotidiano como forma de dominação, opressão e resistência precisarão ser ressignificadas a partir de uma visão decolonial.”
A decisão acordada entre gestão da escola e docentes de trabalhar as relações étnico-raciais não significou apenas transformá-las em conteúdo escolar ou temas transversais, mas torná-las um processo do cotidiano.
Com isso, percebemos que os alunos assumiram uma sensação de pertencimento em relação ao espaço escolar, com a queda da incidência de conflitos entre eles e um progresso na assimilação de conceitos formais.
Além disso, num universo em que quase todos os estudantes são negros e pardos, 69% deles preferem ter seus cabelos naturais. A intolerância religiosa tem sido sempre combatida por eles e os alunos brancos entendem suas condições no processo. O letramento racial trouxe às aulas questionamentos e reflexões que extrapolam conteúdos.
Identificamos, por fim, um outro olhar por parte da comunidade externa que percebe a escola como lugar de esperança para seus filhos.