Olá, me chamo Elaine, sou professora de História na rede municipal de educação do Rio há 12 anos e tenho experiência em coordenação pedagógica e em direção escolar, como adjunta. Concluí especialização em História Contemporânea, participei de cursos de formação em Relações Étnico-raciais e estou fazendo especialização em Neuropsicopedagogia. Atuo no Proinape/Niap da SME-Rio desde 2022.
Através de rodas de conversa que utilizam a escuta ativa e afetiva, para que todos possam falar sem se sentir julgados ou punidos, procurei sempre refletir sobre questões como:
E a partir daí propus o exercício de "olhar para o meu colega" e ver que, antes de mais nada, há algo de bom nele. E que coisas boas precisam ser ditas tanto ao outro como a nós mesmos, reconhecendo que há muito de bom em cada de um nós.
Ao final da roda de conversa, propus que cada aluno escrevesse seu nome em uma folha de papel para que, em um outro momento, as folhas fossem misturadas e redistribuídas entre eles. Em cada folha recebida cada aluno deveria escrever algo de bom sobre o colega cujo nome constava no alto da folha.
Como alguns alunos eram amigos próximos, ficou mais fácil para eles tecer comentários positivos sobre seus colegas. Outros eram mais distantes, mas ainda assim foi possível ver coisas boas em seus comentários. Ao final, eles compartilharam os comentários e naturalmente se abraçaram, ansiosos por saber o que os outros haviam visto de bom neles.
Buscando criar uma rotina de respeito e afetividade, pude ver como um elogio pode mudar a expressão de um aluno e fazê-lo feliz e querido!
As atividades foram realizadas com turmas de 3º e 4º anos do Fundamental I e com alunos do Fundamental II. E, mesmo com faixas etárias diversas, foi quase unânime a dificuldade de achar algo de bom em si próprio e no outro.
Foi um trabalho contínuo, um exercício diário de multiplicação de afetos. Propus às professoras um Mural do Afeto, onde cada aluno pudesse semanalmente dizer algo de bom sobre seu colega de classe, criando uma corrente de afetividade e empatia.
A escola deve ser um lugar de acolhimento e afeto e é importante que todos nela entrem nessa corrente de dizer algo de bom sobre os outros.
Mas sobram perguntas. E os professores? Reconhecem as habilidades dos alunos e as enaltecem? E os gestores? Ainda que um diretor ou coordenador pedagógico precisem corrigir algo indesejado ou aplicar o regimento, isso é feito com afetividade?
Penso que é possível que a escola cumpra seu papel social, sem que seja um lugar de corações endurecidos.
ROSSINI. Maria Augusta Enches. Pedagogia afetiva. Petrópolis, Vozes, 2001.
CANCELIER, S. R.; PERES, L. S. Afetividade: ferramenta para redução da violência escolar. Governo do Paraná, Secretaria de Estado da Educação, Cadernos PDE, 2014.