O trabalho com a "poesia falada" foi realizado na unidade escolar no ano de 2022, a partir do interesse de uma professora regente de língua portuguesa em utilizar a metodologia com turmas de 6º ano em parceria com a equipe PROINAPE que atuava na escola.
O principal objetivo foi desenvolver um projeto com o dispositivo da “poesia falada” partindo do pressuposto que o uso da referida metodologia no processo pedagógico fortalece e contribui com o desenvolvimento da leitura, escrita e oralidade, além de ser um dispositivo usado para interpretação e expressão dos alunos/as. Segundo Fronckowiak (2005, p.3) “a contribuição da poesia na aprendizagem da leitura e escrita é relevante porque ela é essencialmente um texto para ser oralizado”.
Analisando as possibilidades de atuação na EM Celestino da Silva em 2022, percebeu-se o potencial dos estudantes das 2 turmas do 6º ano - totalizando 65 estudantes - para trabalhar com Poesia Falada, além do interesse e proximidade da professora de língua portuguesa - que havia participado da formação de Poesia Falada oferecida pelo NIAP no ano de 2020. Parte-se do pressuposto que o uso da referida metodologia no processo pedagógico fortalece e contribui com o desenvolvimento da leitura, escrita e oralidade, além de ser um dispositivo usado para interpretação e expressão dos estudantes.
Entendendo que no contexto desta unidade escolar existiam conflitos entre alunos decorrentes de questões de gênero e seus papéis atribuídos socialmente na contemporaneidade, optou-se por iniciar a intervenção a partir da proposição dessa discussão. Os recursos metodológicos utilizados no projeto foram: vídeos temáticos; material impresso, como livros, poesias e letras de música; dinâmicas de grupo, jogos e técnicas teatrais; rodas de conversa; processos avaliativos, dentre outros. Incialmente, a equipe lançou mão de materiais audiovisuais, poesias e letras de músicas para disparar as reflexões com alunas e alunos. Inicialmente, as atividades foram desenvolvidas com a utilização de vídeos e textos poéticos sobre desigualdade de gênero, em encontros semanais. Além disso, trabalhou-se com outras poesias relacionadas a adolescência, racismo, bullying, dentre outros assuntos relevantes. No segundo momento, foram utilizadas imagens impressas distribuídas para os participantes, com uma diversidade de temáticas e expressões, com vistas a possibilitar múltiplas leituras, interpretações e olhares. Também foi utilizada a linguagem teatral - com jogos oriundos do projeto do NIAP “O Corpo Expressivo no espaço escolar” - para promover a integração, desinibição e expressão dos estudantes.
Ao se iniciar o exercício da leitura de poesias com os grupos, percebeu-se que algumas alunas e alunos já produziam seus próprios textos poéticos, e que outros despertavam interesse para esse modo de escrita. Em função do contexto favorável, a equipe decidiu fomentar a produção de poesias autorais, com objetivo de estimular a potencialidade e o protagonismo dos alunos no processo artístico, criativo e crítico. “[...]A inspiração está longe de ser a condição única para construção de um bom texto poético. É sabido que ela ajuda muito e pode até constituir a força primeira para a criação do poema, mas sozinha não vai muito longe. O fazer poético depende da imaginação e do trabalho artesanal com a palavra”(SORRENTI, 2009. P. 50).” Então, solicitou-se aos estudantes que criassem poesias a partir do que as imagens suscitavam. O processo resultou na produção de uma coletânea de textos poéticos dos alunos das turmas 1601 e 1602, com mais de 20 poesias.
FRONCKOWIAK, A. Como andar sem poesia? – A leitura de poemas na Educac?a?o Infantil. Anais do II Colo?quio “Leitura e Cognic?a?o” do Programa de Po?s-graduac?a?o em Letras da UNISC. Santa Cruz do Sul, 2005.
SORRENTI, S. A poesia vai a? escola – Reflexo?es, comenta?rios e dicas de atividades. Belo Horizonte: Aute?ntica Editora, 2009.