Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 71% da superfície da Terra é coberta por água. Apenas 2,5% desse total são doces e 40% da população do planeta sofrem da escassez desse líquido tão precioso à vida. Mas os cariocas não parecem muito mobilizados com a questão hídrica: dados de 2016 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento indicavam que o Rio de Janeiro é a cidade com o maior consumo de água do país – quase 330 litros per capita ao dia, três vezes mais do que a ONU recomenda.
O município, contudo, não é autossuficiente. Conforme a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a hidrografia carioca é composta por 274 cursos d’água, entre rios, riachos, córregos e canais. Mas desde o último quarto do século XIX, quando começou a ser implantado um sistema de adutoras na Baixada Fluminense (Reserva Biológica do Tinguá), a cidade passou a buscar a água de seu abastecimento fora de suas fronteiras.
Hoje, segundo a Cedae, o abastecimento de 85% da população da capital (e de 70% da Baixada Fluminense) é oriundo do rio Paraíba do Sul que, quando chega na cidade de Barra do Piraí, tem suas águas transpostas para o Complexo de Lajes por meio de canais. Após passar por estações elevatórias, represas e alguns rios, finalmente atingem o rio Guandu que, ao passar pela Baixada Fluminense, recebe mais água de seus pequenos e poluídos afluentes.
As obras de transposição do Paraíba do Sul aumentaram em mais de 20 vezes a vazão do rio Guandu e foram realizadas pela Light, em meados do século XX. O Complexo de Lajes também conta com usinas hidrelétricas e se constitui no principal sistema de geração de energia e de captação de água para o Rio de Janeiro.
Impactos sobre o Paraíba
O Paraíba do Sul nasce em São Paulo, na Serra da Bocaina, atravessa o estado do Rio de Janeiro (passando pela Zona da Mata mineira) e desemboca na cidade de São João da Barra, na região Norte Fluminense. Artigo publicado na Revista Semioses, da Unisuam, informa que, a partir de Barra do Piraí, o rio passa a depender de seus afluentes que nascem em Minas Gerais, pois quase não flui mais água vinda de suas nascentes, já que cerca de 60% dela são transpostas para o Complexo de Lajes. No ano passado, no trecho entre sua cabeceira e Barra do Piraí, ainda foi inaugurado mais um sistema de captação, desta vez com o objetivo de reforçar o abastecimento da capital paulista.
Além da captação de suas águas para atendimento das regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo, artigo publicado no portal da Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF) informa que o Paraíba do Sul, ao longo de sua bacia, ainda sofre outros tipos de sangramento: para o abastecimento de outras cidades, para a irrigação de lavouras e para a pecuária, além do lançamento de dejetos. Todos esses usos têm resultado na degradação do rio e de seu delta. Com a perda de sua vazão e, consequentemente da força de suas águas, o mar tem avançado sobre seu leito e a região costeira da cidade de São João da Barra, onde desemboca.
Tensões e gestão hídrica
A cooperação e a gestão eficiente dos recursos hídricos são tratadas como uma das questões mais relevantes do sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, que trata da questão da água potável e do saneamento. Afinal, a utilização dos recursos hídricos em um ponto afeta outros, como um efeito dominó, e envolve interesses de diferentes populações.
Em 2014 e 2015, quando um longo período de estiagem atingiu o sistema de abastecimento da capital paulista, assistimos às tensões entre os estados do Rio e de São Paulo em relação à captação das águas do Paraíba do Sul. Problemas internacionais envolvendo recursos hídricos também são frequentes. A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte tem causado vários desentendimentos entre Brasil e Bolívia. Alterações nas nascentes do rio Solimões, nos Andes peruanos, impactam a foz do Amazonas, no estado do Pará.
A transposição do Paraíba do Sul para abastecimento da região metropolitana do Rio de Janeiro é a obra que mais impacta o ecossistema do rio. E não adianta pensar que uma dragagem no delta, por exemplo, minimizaria o problema em São João da Barra. De acordo com o artigo publicado pela UENF, isso promoveria danos no município vizinho de São Francisco do Itabapoana. Por isso, a ONU tem insistido tanto na necessidade de proteção das nascentes e das bacias hidrográficas. É preciso cuidar muito bem dos recursos hídricos e do ecossistema no seu entorno para que, mais adiante, a população não se veja na condição de ter que racionar água e energia por extensos períodos.
Cuidando da água e do planeta
Para a água chegar limpa às torneiras da região metropolitana do Rio de Janeiro, ela precisa passar por um longo e complexo processo de tratamento. Segundo estudos da Universidade de Taubaté, o Paraíba do Sul não só recebe o esgoto de grande parte dos municípios por onde passa, mas também possui um elevado índice de poluentes altamente nocivos à saúde, como metais pesados, inseticidas e herbicidas. Além disso, quando chega à Baixada Fluminense, o Guandu ainda recebe as águas poluídas dos rios de Queimados e dos córregos de Seropédica.
Aproveitando que o CIEP Antônio Candeia Filho (6ª CRE) está trabalhando o tema da sustentabilidade e que a hidrosfera faz parte do conteúdo do 6º ano, a professora Eliane Rosa da Silva levou sua turma para conhecer a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Cedae, localizada às margens da antiga estrada Rio-São Paulo, em Nova Iguaçu. Ela conta como foi a reação dos alunos: “Ficaram impactados com o gigantismo da estrutura, com a imensidão do volume de água dos reservatórios, com o tamanho dos tanques de produtos químicos utilizados no processo de purificação...”.
A grandiosidade das obras de engenharia da ETA e a quantidade de produtos químicos utilizados, realmente, impressionam. Conforme o Relatório Anual da Cedae de 2018, são gastos, por dia, cerca de 100 toneladas de sulfato de alumínio e cloreto férrico, 20 toneladas de cal virgem e 15 toneladas de cloro, além de outras sete toneladas de flúor, utilizadas como forma auxiliar de prevenção das cáries dentárias. Ou seja, a limpeza da sujeira promovida pela população, pelas indústrias e pelos setores agrícolas, nas águas dos rios, requer o uso de enorme quantidade de recursos naturais. Isso, sem citar que a quantidade de energia elétrica consumida, apenas na etapa de tratamento, daria para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes. E mais: depois de passar por todas as etapas de purificação, outras estruturas gigantes – reservatórios, elevatórias, adutoras – e mais consumo de energia estão envolvidos até finalmente a água chegar na torneira de casa.
A importância da proteção dos recursos hídricos para a sobrevivência do planeta foi uma das lições aprendidas pelos alunos do CIEP Antonio Candeias Filho, em sua visita à Estação de Tratamento de Água. “Quando avistaram o Guandu, ainda no ônibus, já começaram a perceber a importância da preservação”, diz a professora Eliane. Diante da imensidão da estrutura da ETA e com a ajuda dos guias da Cedae, passaram a entender o quanto é fundamental cuidar dos rios e modificar hábitos entranhados na cultura do dia a dia, como diminuir o tempo de chuveiro aberto durante o banho, não usar a mangueira para a limpeza da calçada e do quintal, desligar a torneira enquanto estiver escovando os dentes ou lavando louça, e roupa e reutilizar, sempre que possível, a água que é jogada fora da máquina de lavar.
Reduzir o consumo de água ajuda a salvar os rios. Dicas para economizar:
Banho de chuveiro
. 15 minutos de chuveiro aberto consome cerca de 140 litros de água
. Fechando a torneira enquanto se ensaboa, o consumo cai para 90 litros
Escovação dos dentes
. 5 minutos de torneira aberta consome cerca de 12 litros de água
. Abrindo a torneira só para o enxágue, o consumo cai para meio litro
Lavagem da louça
. 15 minutos de torneira aberta consome cerca de 240 litros de água
. Abrindo a torneira só para o enxágue, o consumo cai para 20 litros
Lavagem do carro
. Utilizando a mangueira gasta-se uma média de 560 litros de água
. Substituindo a bandeira por balde, o consumo cai para 60 litros
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