Sou professor da rede municipal do Rio de Janeiro desde 2003 e comecei a atuar em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 2008. Eis a minha formação acadêmica:
A contextualização do tema evoca algumas questões. O artigo 6º da Constituição do Brasil aponta, dentre os direitos sociais dos cidadãos , o direito ao lazer. Mas como fazer valer esse direito para indivíduos em situação de vulnerabilidade econômica como os estudantes de nossa escola? Como a busca pelo lazer pode interferir de maneira positiva na qualidade de vida deles? Como propor a inclusão de práticas corporais nos momentos de lazer? E como pode ser apontado o lazer?
As proposições em sala de aula foram e seguem sendo feitas através de práticas de caminhadas de curta distância, com aproximadamente 1 quilômetro de extensão. Após as práticas, fazemos rodas de conversa com os estudantes apresentando-lhes a ideia de lazer, a ideia do lazer como direito constitucional e as diferentes possibilidades de lazer. Nas conversas sobre as diferentes realidades encontradas entre os(as) estudantes, fazemos ainda levantamentos sobre como eles vivenciam e/ou se vivenciam o lazer.
Como aponta a Emenda Constitucional nº 90, de 2015, que dá nova redação ao art. 6º da Constituição Federal "são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados (...)."
A partir da leitura coletiva deste artigo da nossa Constituição, fizemos uma roda de conversa para identificar o que é possível entender deste documento.
Nos primeiros encontros de 2023, entre a diagnose feita durante as aulas de Educação Física escolar, perguntei se os(as) estudantes tinham tempo livre disponível e, em caso positivo, de qual(quais) maneira(s) aproveitavam esse momento. Posteriormente, levei às turmas a ideia de lazer como direito constitucional.
Entre algumas práticas educativas ao longo do trimestre, propus aos estudantes uma caminhada nas imediações do Centro Municipal de Referência de Educação de Jovens e Adultos (Creja), no Centro da Cidade, com o monitoramento de um aplicativo de celular para termos noção da distância percorrida e do tempo.
Ao retornar à escola, fizemos rodas de conversa para desdobrar outras possibilidades de práticas corporais, e dicas para caminhada de maneira a dar ênfase à consciência corporal durante a prática.
Durante as conversas, estimulo os estudantes a criar horas vagas em alguns dos dias da semana para a prática de movimentos corporais. Nesses momentos, como troca, eles(elas) expõem suas dificuldades de encontrar tempo livre disponível por conta de seus cotidianos.
É possível perceber nesse processo o interesse dos estudantes em informar as práticas corporais que desenvolvem fora do ambiente escolar em seus tempos livres. Parte deles também demonstra interesse pela prática da caminhada querendo saber quando serão as próximas caminhadas que faremos, inclusive com sugestões de itinerários.
Por fim, também é possível perceber uma maior percepção do lazer como direito, embora haja dificuldade em encontrar momentos para colocar em prática esse direito constitucional.
Em um espaço escolar cuja diversidade encontrada nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) é considerável, trabalhadores e trabalhadoras dividem espaço com aposentados(as), autônomos(as) e desempregados(as) em busca de seus objetivos.
O tempo é algo muito valioso para esses estudantes, que precisam se dividir entre tarefas domésticas, tarefas que lhes proporcionem o sustento econômico e a tarefa da conclusão do Ensino Fundamental. Na busca pelo resgate do direito negado em algum momento desses cotidianos, os discentes, em rodas de conversa, percebem que é possível resgatar outros direitos negados em vários momentos de suas vidas como, por exemplo, o direito ao lazer. E foi, através de uma de tantas outras possibilidades de movimentação corporal, que apresentamos a caminhada a eles como oportunidade de encontrar tempo para o lazer.
É possível perceber nesse processo o interesse dos(das) estudantes em informar as práticas corporais que andam fazendo fora do ambiente escolar, em seus tempos livres disponíveis.
Parte deles também demonstra interesse pela prática da caminhada no tempo de aula, uma vez que perguntam quando serão as próximas caminhadas que faremos, inclusive dando sugestões de itinerários.
Por fim, é possível também perceber uma percepção maior do lazer como direito, embora exista uma dificuldade de encontrar momentos para colocar em prática esse direito constitucional.
Num espaço escolar em que predomina a diversidade encontrada nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), trabalhadores e trabalhadoras dividem espaço com aposentados(as), autônomos(as) e desempregados(as) em busca de seus objetivos.
O tempo é algo muito valioso para esses estudantes, que precisam se revesar entre tarefas domésticas, atividades que lhes proporcionem o sustento econômico e a necessidade de conclusão do ensino fundamental.
Na busca do resgate do direito negado em algum momento desses cotidianos de discentes, é possível identificar, em rodas de conversa, que eles podem resgatar outros direitos negados em vários momentos de suas vidas, como por exemplo, o direito ao lazer.
E foi, através da proposta de uma das tantas possibilidades de movimentações corporais, que apresentei aos estudantes a caminhada como oportunidade de encontrar tempo para o lazer.