O tambor de crioula é uma forma de expressão de matriz afro-brasileira popular no estado do Maranhão. Envolve dança circular, canto e percussão de tambores. É considerado referência de identidade e de resistência cultural dos negros maranhenses.
Não se pode precisar com segurança as origens históricas do tambor de crioula. No entanto, por meio de documentos impressos e da tradição oral, é possível associá-lo a práticas lúdico-religiosas realizadas ao longo do século XIX por escravizados e por seus descendentes, como forma de lazer e de resistência à escravidão.
O tambor de crioula é praticado como divertimento ou em devoção a São Benedito. Não há local definido, nem época pré-determinada para as apresentações. No entanto, elas são mais frequentes durante o Carnaval e nas festas de bumba-meu-boi.
A dança é praticada, em geral, só por mulheres. A coreografia é bastante livre e variada, com passos miúdos e rodopios, conduzidos pelo ritmo dos tambores.
No centro da roda, a coreografia se completa na punga (ou umbigada), movimento no qual elas tocam o ventre umas das outras, em um gesto entendido como saudação e convite. A dançarina que recebe a punga vai ao centro e dança para cada um dos tocadores, repetindo os movimentos até procurar uma substituta.
Algumas características aproximam o tambor de crioula do gênero samba: a polirritmia dos tambores, a síncope (frase rítmica característica), os principais movimentos coreográficos e a umbigada. Esses traços são comuns, por exemplo, ao samba de roda do Recôncavo Baiano, ao jongo praticado na região Sudeste e ao samba carioca (especificamente ao partido-alto, ao samba de breque e ao samba-canção).
Em 2007, o tambor de crioula do Maranhão foi intitulado patrimônio cultural do Brasil. No site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é possível assistir a um vídeo que conta a história dessa manifestação.
Manifestações culturais ligadas à música, à dança e à religião são símbolo de resistência, da identidade e da história de diversos territórios e povos. No Brasil, essas manifestações tiveram origem ou influência africana, indígena e, também, europeia. São exemplos: o afoxé, a banda de pífanos, o siriri, serafina, o tambor de crioula, o ticumbi e o cavalo-marinho.
Fontes:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).