Em tupi, a língua dos índios tamoios que viviam no litoral quando os portugueses aportaram, carioca significa “toca do peixe cascudo”. De acordo com o historiador Magalhães Correa, a primeira casa construída pelos conquistadores, na Praia do Flamengo, era coincidentemente de pedra, e as armaduras que eles vestiam faziam lembrar o peixe. Com isso, o termo acabou pegando e batizando, também, a principal fonte de água potável das imediações: o Rio Carioca, ao qual se atribuíam propriedades mágicas de suavizar a voz e tornar o semblante mais formoso. Já no dicionário Aurélio, carioca significa, simplesmente, “casa do homem branco”.
Suas águas nasciam na Fonte do Beijo, aos pés do Morro do Corcovado, e se acumulavam numa bacia conhecida como Mãe D’Água, para depois seguir seu curso pelas Paineiras, Silvestre, Cosme Velho e Laranjeiras até chegar ao litoral, desaguando na Baía de Guanabara. Já no século XVII, surgiam os primeiros projetos para adução do Rio Carioca. Em 1724, ele passou a garantir o abastecimento da população no Largo de Santo Antônio, atual Largo da Carioca, por meio do Aqueduto da Carioca, mais conhecido como Arcos da Lapa, uma obra executada no governo de Gomes Freire e que fazia a ligação até o chafariz onde os escravos iam buscar água. Mas apenas na segunda metade do século XIX teve início o serviço de distribuição regular, com a construção do Reservatório da Carioca, em 1865, nas terras adquiridas para este fim pelo Ministério dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
Fontes: Site do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), site da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), A Domesticação da Água: os Acessos e os Usos da Água na Cidade do Rio de Janeiro entre 1850 e 1889 (dissertação de Mestrado de Gilmar Machado de Almeida, Programa de Pós-Graduação em História das Instituições da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio)