Muito aplaudida durante e após sua apresentação, a professora Cecilia Goulart, da Universidade Federal Fluminense (UFF), conquistou professores, coordenadores pedagógicos e diretores que acompanharam a palestra da manhã de sexta-feira (22), na V Semana de Alfabetização da Cidade do Rio de Janeiro, com sua fala “leve, apaixonada e apaixonante” – nas palavras do próprio público. O evento contou com a participação do secretário de Educação, César Benjamin, para quem a boa pedagogia combina o tradicionalismo dos conteúdos e o criticismo. “É preciso que se faça um esforço para escapar da polarização, da ideologização da pedagogia por grupos que não ouvem uns aos outros. No centro do debate não está nenhuma doutrina, mas o professor, a criança e suas interações.”
Em seguida, Cecilia Goulart, que coordena o grupo de pesquisa Linguagem, Cultura e Práticas Educativas, na UFF, e é professora aposentada da Rede Pública Municipal de Ensino, iniciou sua fala destacando a importância do trabalho do professor e de se ter o olhar sempre atento ao que as crianças dizem, até mesmo por desenhos. Cecilia também reforçou a necessidade de o uso social da leitura e da escrita fazer parte do programa para que as crianças saibam o porquê de aprender, visto que muitas não vivenciam isso em suas casas. “Para nós, ler e escrever é trivial, mas há crianças que nunca participaram desse tipo de atividade.”
A pesquisadora defendeu que o trabalho nos primeiros anos de Ensino Fundamental seja feito de forma integrada, sem que se separe por disciplinas. Segundo ela, há e é preciso que exista um método de ensino, mas não apenas um mesmo caminho para todos. “Vamos descobrindo aos poucos. Nas conversas com os alunos surgem temas, projetos, atividades em grupo de acordo com os interesses da turma, por exemplo.”
Cecilia apresentou e analisou exemplos de textos escritos por alunos em período de alfabetização, ressaltando que as crianças buscam regularidade e possuem uma inteligência ativa para dar conta do mundo. “Estamos lidando com um conjunto de demonstrações de que as crianças estão pensando. Cabe ao professor anotar as questões mais proeminentes, as que estão causando mais dificuldades, para fazer intervenções. E, cada vez que formos preparar um material, conteúdo ou atividade, é preciso pensar e falar o porquê daquilo”, comentou.
Na visão da docente, uma escola preocupada com resultados não nega os processos de aprendizagem, as histórias, as experiências e a inteligência dos sujeitos.
“Não devemos temer assumir o nosso papel de ensinar, de propor questões, revisões, reescritas, de discutir limites e possibilidades. Não devemos também temer as escritas estranhas que muitas vezes as crianças produzem; ou interpretações e leituras bizarras que, às vezes, propõem. É importante olharmos para as crianças como leitoras e produtoras de textos, não só em linguagem verbal, oral e escrita, mas em outras formas de expressão, como a pintura, visitando as obras de grandes pintores, a escultura, o cinema, o teatro, a música, a dança, entre outras.”
A pesquisadora finalizou a apresentação com uma reflexão. “Precisamos desaprender o conforto das certezas para nos abrirmos para as novas perguntas que nossos alunos nos fazem e nos trazem, muitas vezes sem perceber. Sejam felizes. Sejam, sobretudo, professores felizes, não tenham medo de ousar, de voar. As crianças e os jovens precisam de bons modelos. Reflitam sobre o modelo de pessoas, de profissionais, que vocês são para eles.”
Quando a organização do evento abriu espaço para perguntas, Cecilia Goulart foi questionada sobre o confronto entre o trabalho realizado em sala de aula pelos professores e as provas aplicadas no Ensino Fundamental. “Cada vez mais, precisa haver um empobrecimento do conteúdo, do trabalho realizado em sala de aula, a partir da realidade das crianças, para se montar uma questão de prova. O ideal seria que, especialmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental, não houvesse provas. O professor deveria ter autonomia para avaliar, fazer seu trabalho. Por que é preciso esse controle? Não interferem, por exemplo, no trabalho de um médico ou de um engenheiro. Temos que discutir uma forma de avaliação, não podemos aceitar isso. Também há um sentido simbólico para a criança – o acertar e errar afeta a sensibilidade e a aprendizagem”, comentou, ao que foi aclamada pelo auditório da Escola de Formação do Professor Carioca – Paulo Freire.
29/09/2017
Erivelto da Silva Reis, do projeto PAA – Produção de Acervo de Áudio, da FIC, orienta professores a produzirem obras que possam ser disponibilizadas para pessoas com deficiência visual.
V Semana de Alfabetização
28/09/2017
A alfabetização pelo corpo e a importância da sensibilidade e da atenção do professor aos movimentos dos alunos. Tania Nhary, doutora em Educação, sugere atividades.
V Semana de Alfabetização
28/09/2017
A leitura de mapas e a cartografia participativa, que se baseia nas relações afetivas, podem servir de apoio ao processo de alfabetização.
V Semana de Alfabetização
27/09/2017
Atividades desenvolvidas em duas escolas municipais são exemplos de abordagem mais enriquecedora e eficaz no ensino das primeiras letras.
V Semana de Alfabetização
26/09/2017
Em oficina sobre alfabetização científica, educadora Sandra Regina dos Santos apresenta experiências que ajudam a despertar o interesse das crianças por ciências.
V Semana de Alfabetização
25/09/2017
Há mais de quatro anos, grupo dedicado a esse segmento pesquisa o perfil dos alunos e desenvolve reflexão com base em autores brasileiros.
V Semana de Alfabetização
25/09/2017
Uma reflexão sobre as relações entre ensinar e aprender, com o objetivo de avançar na produção de propostas que busquem novos parâmetros para um trabalho com a leitura e a escrita na escola pública carioca, e concomitantemente deem continuidade ao processo de alfabetização comprometido com a apropriação de conhecimentos das diferentes áreas do conhecimento como base para a produção de novos saberes. Destaque especial para o papel do Coordenador Pedagógico como orientador do trabalho desenvolvido nas turmas de alfabetização, como garantia da presença viva do diálogo nas situações de interlocução, vinculado direta ou indiretamente, com as necessidades, lutas e conquistas das crianças cariocas. Palestrante: Cecilia Goulart (UFF).
V Semana de Alfabetização
22/09/2017
Uma reflexão sobre propostas inclusivas e sobre as questões específicas da Educação Especial e da inclusão da pessoa com deficiência. Uma educação inclusiva deve ser fundamentalmente de caráter universal e considerar as especificidades dos estudantes. Palestrante: Márcia Marin Vianna (Colégio Pedro II). Professoras convidadas: Maria Cândida Bandeira (E.M. Claudio Besserman Vianna) e Luciane Frazão (Ciep João Batista dos Santos). Palestra proferida na manhã de 21 de setembro.
V Semana de Alfabetização
22/09/2017
Professores da Rede aperfeiçoaram seus conhecimentos a respeito da surdez e da Língua Brasileira de Sinais.
V Semana de Alfabetização
21/09/2017
Palestra da V Semana de Alfabetização reforça a importância do trabalho colaborativo com o professor de sala de aula.
V Semana de Alfabetização
21/09/2017
Uma reflexão sobre as práticas escolares propostas para a alfabetização que ampliem o conhecimento e a apropriação dos espaços vividos pelas crianças, explorando a localização, a organização e suas possíveis representações. A apropriação desses espaços socialmente ocupados se completa com o domínio das instâncias históricas (passado/presente). Palestrante: Maria de Lourdes Araújo Trindade (Unesa). Professoras convidadas: Ana Maria Balla (E.M. Professor Visitação) e Denise Barreto (Ciep Pontes de Miranda). Palestra proferida na manhã de 20 de setembro.
V Semana de Alfabetização
20/09/2017
Professoras demonstraram a importância da disciplina no trabalho com crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
V Semana de Alfabetização
19/09/2017
Professoras da Rede compartilharam suas experiências de alfabetização. Ludmila Thomé de Andrade, da UFRJ, ressaltou a importância de se trabalhar com o que os alunos levam para a sala de aula.
V Semana de Alfabetização
19/09/2017
Reflexões sobre a orientação dos documentos oficiais e as contribuições da didática da Matemática para um trabalho significativo com a Matemática no cotidiano escolar dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Palestrante: Flávia Renata Coelho (SME-Caxias). Professoras convidadas: Gizele Gonçalves Posta Lopes (E.M. Maria Florinda Paiva da Cruz - 7º CRE) e Rafaella Alves Luzia da Silva (Ciep Gregório Bezerra - 4ª CRE). Palestra realizada na manhã de 19 de setembro.
V Semana de Alfabetização
19/09/2017
Abertura do evento com a participação do secretário municipal de Educação, César Benjamin, da subsecretária de Ensino da SME, Nazareth Vasconcellos, e da gerente de Alfabetização da SME, Cristina Lima. A conferência proferida pelo professor Luiz Antonio Gomes Senna (Uerj) refletiu sobre os processos de apropriação da língua escrita experimentados pelas crianças em fase inicial da sua escolarização no contexto urbano carioca, relacionando as experiências culturais dos alunos às aprendizagens da leitura e da escrita.
V Semana de Alfabetização
18/09/2017
Palestra inicial se concentrou na dificuldade infantil para aquisição da escrita.
V Semana de Alfabetização