Para que as crianças registrem como estão vivenciando os dias de isolamento social e construam memórias afetivas desse período, a professora Danielle Cristina Pereira, da E.M. José Eduardo de Macedo Soares (3ª CRE), em Lins de Vasconcelos, criou um livro de memórias interativo, em formato digital (e-book), com atividades e jogos que envolvem toda a família. O material foi pensado para uma turma de 3º ano, mas pode ser usado e adaptado para alunos de diferentes faixas etárias, segundo a docente.
Em Minhas memórias 2020, as crianças são convidadas a desenhar, colar fotos e imagens e escrever sobre elas mesmas e sobre as pessoas com quem estão passando esse período. Na intenção de aproximar toda a família, o livro oferece versões de jogos conhecidos por pessoas de diferentes gerações, como memória, dominó, jogo da velha e Uno (cartas). O e-book também é interativo: por meio de hiperlinks, as crianças são redirecionadas a vídeos com animações do Mundo Bita, da dupla Palavra Cantada etc.
Nas atividades, a professora explora gêneros textuais que já haviam sido abordados com os alunos - carta, bilhete, receita e histórias em quadrinhos. “Sugiro que coloquem bilhetes com mensagens positivas e de esperança em um vidrinho e que criem listas de como se animar naquele dia”, exemplifica.
Para que os responsáveis não se sintam perdidos, Danielle os orienta, no início do livro, sobre como realizar as tarefas com as crianças. Em um cronograma de estudos, o aluno escreve a data, a atividade realizada e sinaliza como se sentiu na ocasião.
A professora ressalta que não é preciso imprimir o material. “O livro é um guia, uma inspiração. As atividades podem ser feitas em um caderno ou em folhas soltas, colocadas em uma caixa de memórias, por exemplo, e a família pode brincar com jogos que já possuam em casa”, diz.
“Tudo foi pensado com muito carinho e muito cuidado, considerando aspectos pedagógicos e afetivos. O envolvimento da família nesse processo é fundamental. É muito importante que o responsável reserve um período do dia para sentar com a criança, interagir, brincar, ouvir o que ela tem para dizer. Na correria do dia a dia, falta tempo, mas precisamos nos reconectar. A criança precisa do adulto para entender sentimentos ainda desconhecidos. É preciso dizer, por exemplo, que ter medo é normal e que nós, adultos, também sentimos”, explica a professora.
A produção e a repercussão do e-book
O livro Memórias Inventadas - a Infância, de Manoel de Barros, foi uma inspiração para Danielle criar o e-book. Durante as aulas presenciais, nos primeiros dias do mês de março, ela começou a trabalhar com sua turma a questão da memória, convidando os alunos a falar sobre o que gostavam de fazer e resgatar lembranças de bons momentos vividos por eles.
“A partir do que as crianças compartilharam e dessa obra do Manoel de Barros, tive a ideia de produzir o livro, que busca registrar a experiência e a vivência dos alunos durante o isolamento social. Como é para eles ficar em casa? Como é estar longe da escola e dos amigos? Quando as aulas presenciais retornarem, pretendo retomar esse material em sala de aula. Quero que todos possam conversar sobre como foi esse período e, quem sabe, fazer um livro coletivo da turma, com as percepções deles e, também, dos pais e responsáveis”, conta a docente, que recorreu a seu conhecimento prévio na área de design gráfico para criar a publicação usando o Illustrator Adobe e a plataforma Canva.
Danielle comenta que outros professores podem adaptar as ideias do livro para a realidade de suas turmas e reforça que, antes mesmo da questão pedagógica, a proposta é fortalecer a criança. “É uma oportunidade para a família falar e mostrar que a criança não está sozinha, está protegida. Esse momento vai passar, mas de forma diferente para cada um, como é a vida”, ressalta.
A repercussão do e-book surpreendeu a professora. Ela já recebeu mensagens de docentes dos estados de Pernambuco e da Bahia, por exemplo, que estão usando o material com suas turmas. “Não achei que o livro pudesse chegar tão longe! Comecei a divulgar no grupo da minha escola no WhatsApp e com amigos, que foram compartilhando o material. O retorno foi ainda maior depois que essa experiência foi publicada na plataforma Vivescer e indicada como uma maneira de trabalhar a emoção com as crianças”, conta, orgulhosa, Danielle.
A plataforma Vivescer foi disponibilizada para a Rede por meio de uma parceria dos organizadores com a Escola de Formação Paulo Freire (EPF), que desenvolve várias ações no campo das habilidades socioemocionais.
Material de complementação aborda habilidades socioemocionais
O Espaço de SER (Sentir, Expressar e Relacionar) é um programa que trabalha as habilidades socioemocionais dentro da escola, também articulado pela EPF. Com a suspensão das aulas, esse material foi disponibilizado no Portal MultiRio, na área do Material de Complementação Escolar (MCE), dividido por ano de escolaridade, para oferecer um espaço para pensar e praticar a educação socioemocional de maneira divertida. Acesse!
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02/04/2020
Yasmin Benedetti, professora de inglês nas Escolas Municipais Zituo Yoneshigue e Lia Braga, em uma videoaula compartilhada nas redes sociais A 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que representa a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro em 13 bairros da Zona Norte da cidade, está convocando os professores a gravarem aulas em vídeo e a compartilharem com seus alunos nas redes sociais. Mais de 500 professores já aderiram à campanha. Batizada de #CompartilheUmaAula pelo coordenador da 6ª CRE, Hugo Nepomuceno, a iniciativa pretende minimizar os prejuízos pedagógicos causados pelo fechamento das escolas determinado pela Prefeitura do Rio de Janeiro como medida preventiva contra a disseminação do novo coronavírus. Além do grande risco à saúde e à vida das pessoas, a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, abalou sistemas educacionais no mundo inteiro. Como em diversos países, no Brasil, governos estaduais e municipais decidiram fechar as escolas para diminuir a velocidade da transmissão da doença, na tentativa de evitar o colapso do sistema de saúde. Na Rede Pública Municipal de Educação do Rio de Janeiro, cerca de 640 mil alunos e 40 mil professores estão dentro de suas casas, em afastamento social, seguindo orientações das autoridades sanitárias. Mas as adversidades costumam atiçar a criatividade das pessoas. Seis dias após o início da suspensão das aulas no Rio de Janeiro, ocorrido em 16 de março, o professor Cássio Veloso, responsável pela Assessoria de Informática Técnica e gestor das redes sociais da 6ª CRE, decidiu propor uma ação de compartilhamento voluntário de videoaulas com os alunos pelas redes sociais, durante o período de suspensão das atividades escolares. Cássio conta que a ideia surgiu de uma conversa com sua mãe. “Minha mãe, que é professora alfabetizadora aposentada, demonstrou preocupação com a suspensão das aulas por conta do aprendizado dos alunos. Ali, falando com ela em vídeo, surgiu a ideia: conclamar colegas professores a gravarem aulas e nos enviar para compartilharmos em nossas redes sociais. ” A iniciativa foi prontamente encampada pelo coordenador da 6ª CRE, Hugo Nepomuceno, que não demorou a encontrar um nome que traduzisse o potencial de alcance da proposta. “A inspiração se deu pelo desejo de, com a iniciativa, criarmos um movimento colaborativo de produção dessas microaulas, sendo necessário, para isso, criar uma hashtag que não se restringisse aos profissionais da 6ª CRE, mas atingisse a Rede como um todo. Deveria ser também uma hashtag que comunicasse de forma simples e direta com o público que procurasse, na rede social, por esse conteúdo. Fizemos uma pesquisa preliminar e identificamos que essa hashtag não estava em uso no Facebook, o que nos levou a adotá-la”, conta. Letícia Lombone, 12 anos, aluna da Escola Municipal de Aplicação Carioca Coelho Neto, assistindo a uma videoaula em casa. FOTO: Patrícia Rodrigues Mello. Hugo gravou um vídeo convocando os professores a participarem da empreitada. A mobilização gerada pela mensagem postada na página da 6ª CRE no Facebook já está gerando resultados. Letícia Lombone, 12 anos, aluna do 8º ano na Escola Municipal de Aplicação Carioca Coelho Neto, localizada no bairro de Ricardo de Albuquerque, afirma estar gostando das atividades pedagógicas postadas por seus professores nas redes sociais e relata já ter assumido um compromisso: “as videoaulas me mantêm em uma rotina de exercícios e trabalhos muito importante, que terei que apresentar aos professores no final desse período da quarentena. ” Manter a rotina relacionada à escola é um dos objetivos da iniciativa proposta pela 6ª CRE, segundo a professora Yasmin Benedetti, que leciona inglês nas Escolas Municipais Zituo Yoneshigue, também em Ricardo de Albuquerque, e Lia Braga, em Guadalupe. “Nessa quarentena que nós estamos vivendo, pensar que os nossos alunos estão afastados da escola, que é a maior referência que eles têm - eles passam mais tempo na escola do que em casa -, poder chegar até eles e fazer com que eles não percam essa rotina e esse contato, e sigam aprendendo, é muito bom”, afirma Yasmin, que já deu a sua contribuição com uma videoaula gravada em seu celular. Segundo Hugo, a intenção não é criar um modelo de ensino a distância para a Rede Municipal, mas manter professores, alunos, pais e responsáveis conectados. “Não podíamos correr o risco de nossos alunos, nesse período de afastamento social, se desvincularem da escola e perdermos contato. Através desse movimento, temos visto uma verdadeira rede colaborativa se desenvolvendo, com profissionais de diferentes unidades escolares trocando ideias e compartilhando as aulas uns dos outros, levando esse conteúdo aos alunos de suas unidades”, constata. Entre os conteúdos compartilhados, há atividades lúdicas, como brincadeiras e leitura de histórias, consideradas fundamentais por Luana Travassos, mãe de Maria Eduarda, 8 anos, aluna do 3º ano no Ciep Glauber Rocha, na Pavuna. Luana elogia a preocupação dos professores em relacionar os conteúdos das videoaulas com a faixa etária do aluno e conta como utiliza as atividades sugeridas para organizar a rotina da filha: “Eu imprimo algumas, para que ela estude na parte da manhã, que é o horário que nós separamos para os estudos dela. Quando não consigo imprimir, mostro através da tela mesmo. Faço sempre a busca nas redes sociais da 6ª CRE ou através da hashtag.” Cássio explica que as redes sociais da 6ª CRE já contavam com 10 mil seguidores, o que contribuiu para a rápida e grande adesão. Hugo acrescenta um ingrediente: para ele, o sucesso da iniciativa deve-se também à grande penetração da telefonia móvel. “O fato desse material ser de fácil acesso pelas famílias, pois com um celular elas conseguem acessar as aulas, fez com que nós acabássemos democratizando, ainda mais, o alcance desse conteúdo. Afinal, a maioria das famílias hoje acessa a internet por meio do celular e não dos computadores”, relata. As atividades e conteúdos pedagógicos estão sendo compartilhados pela página da 6ª CRE no Facebook , pelo Instagram e em grupos de WhatsApp que reúnem professores, gestores escolares, pais e responsáveis pelos alunos. “Sabemos que não alcançaremos todas as famílias, pois no nosso território tem algumas áreas em que a qualidade do sinal das operadoras é muito limitada ainda, mas cada família que alcançamos já é uma vitória e, de passo em passo, vamos alcançando ainda mais”, comemora Hugo. A iniciativa da 6ª CRE está se espalhando por toda a Rede Municipal de Educação e já conta com contribuições da 2ª, 5ª, 7ª e 8ª CRE, além da Escola de Formação Paulo Freire. Não há exigências complicadas em relação ao formato em que as videoaulas devem ser produzidas. Recomenda-se, no entanto, que os vídeos tenham duração máxima de três minutos, sejam gravados sempre na posição horizontal e que os professores se apresentem e digam a qual escola pertencem. Para garantir a qualidade e o alinhamento dos conteúdos à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), todos os vídeos produzidos pelos professores estão passando pela análise da Gerência de Educação da 6ª CRE, que segue as orientações da Secretaria Municipal de Educação. As aulas e atividades de complementação escolar, gravadas em vídeo e áudio pelos professores, estão disponíveis em #CompartilhaUmaAula. Em breve, muitas delas poderão ser acessadas também na área Material de Complementação Escolar (MCE) do Portal MultiRio.
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