Todos os domingos a Praça General Osório se transforma em uma galeria de arte e comércio ao ar livre. A Feira Hippie de Ipanema ganhou, ao longo dos anos, fama internacional e já foi frequentada por astros nacionais e estrangeiros, entre eles, Janis Joplin, Ney Matogrosso e Serguei. Pela produção de artesanato e obras de arte que preservam a memória da identidade brasileira, a concentração de expositores foi tombada como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Rio de Janeiro.
Das 8h às 20h, quem a visita, encontra quadros de vários estilos, esculturas, artigos em couro e madeira, joias e bijuterias, tapes, roupas, bolsas, comida regional, etc entre as mais de duzentas barracas de artesãos e artistas plásticos.
Histórias da Feira
A Praça General Osório, além de acolher a feira, foi o ponto de partida para a urbanização de Ipanema no início do século XIX e sempre se destacou como símbolo do estilo de vida boêmio e inovador do carioca. Foi da Praça que o clássico bloco de carnaval Banda de Ipanema saiu para desfilar pela primeira vez, em 1965, e segue animando moradores e turistas até hoje.
Também foi na General Osório que os primeiros artistas e artesões começaram a expor seus trabalhos no final dos anos 1960. Porém, existem divergências sobre o ano em que a Feira efetivamente começou. No artigo Feira Hippie de Ipanema: reflexões sobre discursividade e materilidade em um espaço de sociabilidade, turismo e consumo publicado por Palloma Valle Menezes, doutora em Sociologia pela UERJ e por Maria de Nazareth Eichler, doutoranda em História pela Unirio, as pesquisadoras revelam que alguns expositores discordam da versão de que a Feira teve seu início em 1968. Para alguns, ela começou efetivamente apenas em outubro de 1969.
A história mais comum é que, em 1968, os artistas plásticos Roberto de Sousa, José Carlos Nogueira da Gama, Holmes Neves, Guima e Hugo Bidet – frequentadores do bar Jangadeiros, próximo à Praça General Osório – conversaram sobre expor, despretensiosamente, alguns de seus trabalhos na praça depois de uma feira de livros que estava acontecendo ali. A motivação era conseguir um pouco de dinheiro rápido para continuar se divertindo no bar por mais tempo. O único que levou a ideia a sério foi Hugo, que após buscar alguns de seus desenhos em casa, acabou vendendo uma cópia e pagou mais uma rodada para os amigos no bar. No fim de semana seguinte, os cinco amigos expuseram seus trabalhos na praça e já na terceira semana cerca de 20 pessoas haviam se juntado a eles.
Nesse primeiro momento, apenas artistas plásticos trabalhavam no espaço e, para alguns, a Feira só começou realmente a partir do ano seguinte, com a chegada dos hippies e mochileiros vindos de diversas partes do Brasil e, também, de outros países como a Argentina.
Ontem e hoje
No início, os artistas exibiam seus trabalhos apenas em tecidos forrados no chão, não haviam barracas e vários trabalhadores pernoitavam na Praça para evitar o trajeto longo da Zona Sul até os subúrbios da cidade, onde vários deles moravam. A Feira também era bem menor, ocupando apenas parte da calçada de frente para a Rua Visconde de Pirajá.
Após diversas regulamentações do poder público e reformas feitas no bairro ao longo dos mais de 45 anos de existência da Feira, os produtos, hoje, são expostos em barracas padronizadas. A organização mantém os artistas plásticos no meio do terreno, em volta do Chafariz das Saracuras – obra de Mestre Valentim –, enquanto os artesãos se posicionam ao redor da praça, ocupando-a em sua totalidade. Ninguém mais precisa pernoitar ou madrugar em Ipanema para montar as barracas já que um serviço de montadores é prestado todos os domingos.
Hoje em dia a Feira de Ipanema resiste para manter a sua caracterização como ponto de arte e produtos artesanais, porém o comércio de cangas, biquínis e outros bens industrializados disputam a atenção dos frequentadores. Mesmo assim, ela ainda é tida como um dos locais indispensáveis para quem quer conhecer uma das áreas de maior efervescência cultural do Rio.
Fontes: livro Villa Ipanema, de Mario Peixoto; artigo Feira Hippie de Ipanema: reflexões sobre discursividade e materilidade em um espaço de sociabilidade, turismo e consumo, de Palloma Valle Menezes e por Maria de Nazareth Eichler; Blog Feira Hippie Ipanema; jornal O Globo.
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