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O jovem D. Pedro de Alcântara. Sua maioridade interessava tanto aos conservadores como aos liberais. Litografia (37,5 x 30 cm) de Francisco Hanfstaegel. Domínio público, Museu Imperial

Desde 1835, a ideia de antecipar a maioridade já havia surgido no cenário político da corte. Proprietários de escravos e de terras estavam assustados com a experiência de descentralização ocorrida durante o Período Regencial, que resultara em tantas revoltas sociais. O restabelecimento da autoridade monárquica era visto como a solução para a crise política.

Apesar das medidas centralizadoras postas em prática com a Lei Interpretativa do Ato Adicional, que anulava a autonomia das províncias, a intranquilidade no Império não terminara. A Farroupilha e a Balaiada continuavam, alimentando um clima de constante agitação e insatisfação e mostrando que a reação não podia ser considerada vitoriosa. Os grandes proprietários rurais exigiam maior estabilidade política.

Para os progressistas ou liberais, bem como para os regressistas ou conservadores, era necessário impor a ordem. No entanto, não bastava acabar com a anarquia. Era preciso fortalecer a autoridade do poder central e pôr um fim aos movimentos que levavam o povo às ruas da cidade. Como dizia Bernardo Pereira de Vasconcelos, uma das principais figuras do Partido Regressista: "É preciso parar o carro da revolução". A maioridade interessava a liberais e a conservadores, empenhados em impedir que outras camadas da população participassem da organização do Estado brasileiro, tarefa que deveria caber às elites políticas.

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A Fazenda Quissamã, no norte fluminense, de propriedade do conservador José Carneiro da Silva, que, em 1844, foi agraciado por D. Pedro II com o título nobiliárquico de Barão de Araruama. Litografia de Louis-Julien Jacottet, 1859-1861. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

Assim, como solução para a crise política, ganhava força o projeto de antecipação da maioridade, visto com ares de salvação nacional. Era preciso restaurar a figura do imperador, colocando no trono o menino Pedro de Alcântara. A Constituição Outorgada de 1824 estabelecera a maioridade do imperador aos 21 anos, e o Ato Adicional fixara-a em 18. Agora, desejava-se passá-la dos 18 para os 14 anos. Por isso, a antecipação da maioridade do príncipe regente, inaugurando prematuramente o governo pessoal de Pedro II, ficou conhecida como o Golpe da Maioridade.

Os liberais ou progressistas, fora do poder desde a renúncia do regente Feijó, apoiaram a ideia, esperando voltar ao governo. Os conservadores ou regressistas viam a proposta de antecipação como forma de consolidar a monarquia e de preservar a unidade do Império. No governo, desde a eleição de Pedro de Araújo Lima para o cargo de regente uno do Império, os conservadores pareciam não estar seguros da continuidade do regime regencial, que se mostrara incapaz no combate às várias revoltas e na manutenção da ordem política.