A criação de gado surgiu como atividade complementar à produção de açúcar. Mas, apesar de sua posição secundária e acessória, desempenhou um grande papel no desbravamento, conquista e povoamento do interior brasileiro.
O gado foi introduzido no Brasil ao se iniciar a colonização oficial. Alguns anos depois, os currais já se espalhavam ao redor de Salvador e Olinda. A princípio, o curral e o engenho formavam uma só unidade. O gado, criado no próprio engenho, fornecia alimento, era usado no transporte e como força de tração para a moagem da cana. O crescimento dos rebanhos, porém, era incompatível com a expansão dos canaviais. Os animais devoravam as mudas e a própria cana. Ocupavam as férteis terras de massapê que os senhores de engenho queriam utilizar no cultivo da cana-de-açúcar, propiciadora de elevados lucros. A atividade criatória no litoral – Zona da Mata – tornava-se quase impossível.
Cresciam os conflitos provocados pela penetração de animais em plantações. Por essa razão, a Coroa portuguesa, pela Carta Régia de 1701, proibiu a criação numa faixa de dez léguas da costa, protegendo os interesses dos senhores de engenho, que eram também os seus.
Os currais foram expulsos da Zona da Mata – a área da grande lavoura açucareira –, embora permanecessem na proximidade dos canaviais – no Agreste. Num segundo momento, ganharam o sertão, onde o tipo de solo e o clima não favoreciam o cultivo da cana-de-açúcar.
A penetração do gado pelo interior do Nordeste realizou-se a partir de dois grandes centros de irradiação: Bahia e Pernambuco.