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As profundas transformações ocorridas com a política de melhoramentos materiais, possibilitadas especialmente pelo uso da energia a vapor, projetaram Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, responsável por promover mudanças que causaram forte impacto no Brasil.
Na Inglaterra, em 1840, aos 27 anos, o futuro Barão de Mauá teve os primeiros contatos com as grandes mudanças técnicas que ocorriam na Europa. Isso incluía estabelecimentos de fundição de ferro, fábricas e grandes lojas.
Voltando ao Brasil, desejando colocar em prática o que havia visto, utilizou, como financiamento, recursos que antes eram usados na compra de escravos. Por outro lado, Irineu Evangelista acreditava que a formação de sociedades por ações poderia acelerar o desenvolvimento econômico do Brasil. Assim, buscando novas fontes de recursos, associou-se a capitalistas ingleses.
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Reunindo condições favoráveis, montou fundição de ferro e bronze, serralherias, estaleiros, companhias de bondes e de iluminação, introduziu o telégrafo submarino (fazendo contato com a Europa), criou o Banco Mauá McGregor & Cia., com filiais na Inglaterra, França, Estados Unidos da América, Argentina e Uruguai, e ferrovias.
A alta nos preços do café no mercado internacional, a partir de 1845, proporcionaria um aumento nas vendas em torno de 23%, entre 1850 e 1851. A construção de ferrovias tornou-se uma necessidade para conduzir, até os portos principais do Império, as mercadorias de exportação. Em Pernambuco, visando escoar a safra do açúcar, surgiram empresas inglesas como a Recife-São Francisco, cuja construção iniciou-se em 1855.
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Também no Centro-Sul, Mauá fez investimentos em estradas de ferro, sendo responsável pelos 14 quilômetros de uma linha entre o Porto de Mauá, na Baía de Guanabara, e a Estação de Fragoso, na raiz da Serra da Estrela (Petrópolis).
Pretendia ir mais além, unindo o Rio de Janeiro ao Vale do Paraíba e depois a Minas, em um projeto que interligava os transportes marítimo, ferroviário e rodoviário e que, entretanto, não se concretizou. A década de 1850 ficou conhecida, por tudo isso, como a "era da estrada de ferro", empreendimento que simbolizava, naquele contexto, segundo Lilia Moritz Schwarcz, "o avanço e o progresso das nações".
Das empresas de Mauá, como a de fundição, saíam desde canos de ferro, pregos, sinos, até navios e produtos diversos. Por outro lado, as mudanças que se processaram na chamada "era Mauá", como a iluminação a gás, o sistema de esgotos, além da construção de ferrovias, retiraram os escravos das tarefas antes realizadas por eles nas cidades, onde perderam a "utilidade".
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Os melhoramentos materiais promovidos por Irineu Evangelista de Souza poupavam a mão de obra, que agora fazia-se mais necessária e cara na lavoura, após a extinção do tráfico negreiro.