A Conjuração Mineira, inicialmente organizada como oposição à cobrança da nova derrama, foi um movimento de ricos e proprietários, apesar de a população em geral ser prejudicada por essa medida.
Outros motivos levaram também os colonos a conspirar contra a metrópole: o seu afastamento das posições que ocupavam durante o governo de Cunha Meneses e o preenchimento dessas posições por portugueses, alijando os colonos das oportunidades lucrativas que usufruíam até então.
Esses homens, muitos deles poetas, tinham profissões variadas: Cláudio Manuel da Costa era advogado; Alvarenga Peixoto, fazendeiro e proprietário de minas; Tomás Antônio Gonzaga, desembargador; José Álvares Maciel era filho do capitão-mor de Vila Rica; José de Rezende Costa e seu filho de mesmo nome; Luís Alves de Toledo Piza; Oliveira Rolim, padre que traficava escravos e diamantes; Luís Vieira da Silva, cônego da Catedral de Mariana; e o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante da Companhia dos Dragões da capitania das Minas Gerais.
Para eles, a Conjuração representava a possibilidade de viver em um país mais liberal, livre do monopólio imposto pela Coroa, garantindo-lhes a liberdade comercial e o controle sobre as ações do governo. Enfim, significava o fim da tutela da metrópole. Além disso, julgavam que a Conjuração era uma forma de preservar suas fortunas, ameaçadas pelos altos tributos, ainda mais ante o fantasma da derrama. Era, em síntese, a oportunidade de deixarem de ser colonos.
Os conjurados, quase todos escravocratas, constituíam a elite letrada da capitania. Em sua maioria, tinham estudado na Europa, especialmente na Universidade de Coimbra. Eram homens bem informados. Alguns possuíam bibliotecas, como o cônego Luís Vieira da Silva, com um acervo de mais de 600 livros, bastante significativo na época. As autoridades portuguesas comentavam que "entre tantas coisas até o diabo deveria conter".
O cônego admirava os recentes acontecimentos na América do Norte. Esse grupo de conjurados recebia notícias sobre as transformações que ocorriam na Europa, como a Revolução Industrial. Recebiam, também, livros e folhetos com as ideias liberais dos principais filósofos franceses da época – Abade Raynal, Rousseau, Montesquieu e Voltaire –, defensores dos ideais de liberdade, igualdade, fraternidade e felicidade.
Outra grande influência no movimento dos conjurados foi a luta vitoriosa das 13 colônias inglesas na América contra a dominação de sua metrópole, e a fundação dos Estados Unidos. Esse movimento contagiou de tal forma os colonos que até um deles, José Joaquim Maia e Barbalho, estudante da Universidade de Coimbra, natural do Rio de Janeiro, usando o pseudônimo de Vendek, estabeleceu contato com Thomas Jefferson, embaixador americano na França, pedindo apoio do seu governo ao movimento contra Portugal. Jefferson, após consultar autoridades de seu país, respondeu que não tinha autonomia para assumir um compromisso oficial, mas que uma revolução vitoriosa no Brasil "não seria desinteressante para os Estados Unidos, e a perspectiva de lucros poderia, talvez, atrair um certo número de pessoas para a sua causa, e motivos mais elevados atrairiam outras".
Para Maxwell, o exemplo da Revolução Americana foi particularmente adequado, pois os conspiradores viam notável semelhança entre a causa dos acontecimentos na América do Norte e a sua própria situação: "porque à América inglesa nada a obrigou ao rompimento, senão os grandes tributos, que lhe taxaram, conforme declaração de um dos conspiradores".
Já o ideário dos filósofos franceses tinha sentidos variados para os colonos do movimento da Conjuração. Liberdade, por exemplo, podia significar tanto libertar sua região de Portugal como não pagar tributos, ter liberdade comercial, de expressão e possibilidade de acesso à leitura, para, com isso, conseguir gerenciar melhor os seus negócios e dominar ainda mais os colonizados.
As ideias que os uniam eram a implantação de uma República em Minas Gerais e a necessidade da manter a escravidão, pois para eles, proprietários e escravistas, o trabalho era trabalho escravo. Nesse sentido, para os conjurados, a noção de igualdade não incluía a igualdade racial nem a social, pois temiam, também, o estabelecimento de uma sociedade na qual o princípio da igualdade fosse estendido aos homens livres e pobres, a chamada plebe.