As capitanias hereditárias no litoral brasileiro, doadas por D. João III entre 1534 e 1536, foram 14. Os donatários, representantes do rei de Portugal na colônia, eram 12.
A doação de uma capitania era feita através de dois documentos: a Carta de Doação e a Carta Foral. Pela primeira, o donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-la.
O donatário recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa, na extensão de toda a capitania, e devia fundar vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a pena de morte para escravos, índios e homens livres. Adquiria ainda alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos índios e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa.
Os donatários das capitanias hereditárias eram:
Maranhão (1º lote) |
Aires da Cunha, que se associou a João de Barros |
Maranhão (2º lote) |
Fernando Álvares de Andrade |
Ceará | Antônio Cardoso de Barros |
Rio Grande do Norte | João de Barros, sócio de Aires da Cunha |
Itamaracá | Pero Lopes de Sousa |
Pernambuco ou Nova Lusitânia | Duarte Coelho |
Bahia de Todos os Santos | Francisco Pereira Coutinho |
Ilhéus | Jorge de Figueiredo Correia |
Porto Seguro | Pero do Campo Tourinhi |
Espírito Santo | Vasco Fernandes Coutinho |
São Tomé | Pero de Góis |
São Vicente (dividida em dois lotes: São Vicente e Rio de Janeiro) | Martim Afonso de Sousa |
Santo Amaro | Pero Lopes de Sousa |
Santana | Pero Lopes de Sousa |
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia, ainda, o que pertencia à Coroa e ao donatário. Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa, e ao donatário caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o monopólio do comércio do pau-brasil e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e defendê-las, tornando-se, assim, colonos.
O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural voltada para a exportação. Dois fatores influíram nessa decisão: a existência de abundantes terras férteis no litoral brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa.
Num primeiro momento, os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e, depois, do negro africano. A colonização iniciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade rural, a monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado europeu e o trabalho escravo.
As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os donatários podiam calcular. Era difícil a adaptação às condições climáticas e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa. Além disso, o alto custo do investimento não trazia retorno imediato. Alguns donatários nem chegaram a tomar posse das terras, deixando-as abandonadas.
Pernambuco e São Vicente foram as capitanias que mais prosperaram. Nelas haviam ocorrido experiências de ocupação agrícola desde o período da colonização acidental. Apesar de enfrentarem problemas comuns aos das demais capitanias, Duarte Coelho e Martim Afonso de Sousa obtiveram sucesso. Conseguiram maior número de colonos e estabeleceram alianças com grupos nativos.