A região referente ao Rio de Janeiro – que representava uma parte pequena do que era a capitania de São Vicente – permaneceria negligenciada nos primeiros tempos pelo seu donatário, Martim Afonso de Sousa (1490/1500?-1571), que priorizou o lote referente a São Vicente, recebido do rei D. João III (1469-1521).
Era voz corrente no Reino de Portugal a preocupação quanto à presença de aventureiros – piratas e contrabandistas – muitas vezes financiados por Coroas europeias. Também estava na ordem do dia a urgência em adequar as necessidades econômicas do Tesouro lusitano às terras da colônia americana.
Um exemplo era a agricultura estabelecida na capitania de São Vicente, que, com dinâmica própria, caminhava nesse sentido. As plantações se espalhavam pelo solo fértil, resultando no lucrativo comércio do açúcar exportado para a Europa. Contudo, riscos e ameaças não cediam. Permaneciam vivos e latentes, rondando e inquietando o governo português e os planos que construíra para as suas terras do outro lado do Oceano Atlântico – especialmente no entorno da Baía de Guanabara, onde estrangeiros vis e infames, denominados assim pela Coroa portuguesa, agiam audaciosamente, como se o local não tivesse dono. Os relatos circulavam em avisos aos navegantes: “Alerta! Alerta! Alerta!”. Comandantes e marujos, observando fixamente o horizonte, preocupados, se perguntavam: há perigo nas águas ao largo? Havia.