Os passos que resultaram na efetiva antecipação da maioridade percorreram caminhos conflituosos. Inúmeras reuniões aconteciam nas casas e nos palacetes da cidade, transformada em Município Neutro desde o Ato Adicional de 1834. Nas ruas, os debates prosseguiam, com a população mobilizada e pressionando os deputados. No interior da Câmara, os tumultos se sucediam, incluindo vivas estrondosos à maioridade!
A capital do Império presenciava a intensa campanha que se espalhava pela imprensa, alcançava seus habitantes e inspirava quadrinhas populares, citadas pelo historiador Pedro Calmon. Umas a favor:
“Queremos Pedro II
Ainda que não tenha idade
A nação dispensa a lei
Viva a Maioridade”.
Outras nem tão de acordo:
“Por subir Pedrinho ao trono
Não fique o povo contente
Não pode ser boa coisa
Servindo com a mesma gente”.
Quanto à reação de D. Pedro de Alcântara (1825-1891), a historiografia registra aspectos diferentes daquele momento em que ele, no Palácio da Boa Vista, foi consultado, ouvindo a leitura da representação que tratava de sua maioridade. Uma versão aponta para uma atitude arrebatada, traduzida na frase: “Quero já!”. Outra afirma que o próprio monarca, de personalidade reservada, negava ser o autor de tais palavras; segundo ele, a aceitação da maioridade “representava um sacrifício” e só concordou por causa das revoltas que “ameaçavam a integridade do país”.
Esperava-se bastante de alguém com apenas 14 anos, cujo aprendizado político, até então, tinha sido teórico. A vida que se apresentava para o futuro monarca, após a sagração e a coroação, seria assim? Quando o muito é nada e quando o tudo não basta? Um sinal? O tempo responderia?