No tempo das Regências, os grupos políticos (liberais e conservadores), com medo de perder o controle da nação e em nome da preservação da unidade nacional, concordavam que somente o príncipe D. Pedro de Alcântara (1825-1891) poderia pacificar e unir o império brasileiro. Acreditavam que a ordem se implantaria providencialmente se o jovem sucessor assumisse o governo. Entendiam que a solução para os problemas que o Império vinha enfrentando seria antecipar a maioridade de D. Pedro, restaurando a figura do imperador. O restabelecimento da autoridade monárquica era compreendido como a solução para a crise política que não cessava. Em meio às circunstâncias, ganhou força o projeto de antecipação da maioridade, que tomava ares de salvação nacional.
A Constituição Outorgada de 1824 estabeleceu a maioridade aos 21 anos, e o Ato Adicional de 1834 fixou-a em 18. Naquele momento, pretendia-se reduzi-la para 14 anos. “Por isso, a antecipação da maioridade, inaugurando prematuramente o governo pessoal de Pedro II, ficou conhecida como o Golpe da Maioridade”, segundo palavras do historiador Ilmar Rohloff de Mattos.
Um adolescente de 14 anos assumiria o trono do Brasil. A juventude e a inexperiência do futuro imperador (chamado de rapazinho por alguns políticos) talvez fossem vistas como um ganho, como um trunfo, por aqueles que imaginavam poder manipulá-lo exatamente porque o levaram ao poder. Entre a abdicação de D. Pedro I (1831) e a antecipação da maioridade de seu filho (1840), segundo o historiador Carlos Eduardo Sarmento, foram tempos “de maior efervescência política na cidade onde se jogava a disputa pela condução do processo de construção do Estado imperial”.
Nessa época, possivelmente, perguntas povoavam corações e mentes, em dúvidas e em anseios como os da canção Será, interpretada pelo grupo Legião Urbana:
“Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?”.
Se os anos entre 1822 e 1840 (período político do Primeiro Reinado até o final das Regências) foram marcados, segundo ensina Boris Fausto, “por uma enorme flutuação política, por uma série de rebeliões e por tentativas contrastantes de organizar o poder”, os que vieram adiante, com as revoltas sufocadas, foram os da consolidação do império.