Durante o Primeiro Reinado, tornava-se cada vez mais difícil organizar uma arquitetura política que conciliasse as forças que compunham a Câmara dos Deputados, convocada em 1826 por D. Pedro I (1798-1834), e as representadas pelos Liberais Moderados e pelos Liberais Exaltados. Os deputados foram eleitos em 1824, e tal demora relacionava-se ao fato de a grande maioria ser francamente contrária à política autoritária adotada pelo imperador.
Outro polo que enfrentava, contestando o governo, era a imprensa, e não apenas aquela que atuava na cidade do Rio de Janeiro, a capital imperial. Nesse período, em todas as províncias alastravam-se pequenas publicações chamadas de pasquins, que saíam sem muita regularidade, utilizando uma linguagem mais inflamada à medida que crescia o descontentamento com o monarca. Segundo historiadores, as paixões políticas se refletiam nessas publicações bem mais do que nos jornais, que seguiam certa estabilidade e continuidade de opiniões. Os pasquins influenciaram os acontecimentos, contribuindo para a formação de um ambiente recheado de polêmicas que, inúmeras vezes, resultavam em rusgas e conflitos pelas ruas e praças da corte imperial.
Com a morte de D. João VI, em 10 de março de 1826, intensificaram-se os problemas com os opositores ao governo de D. Pedro I. Entretanto, o problema da sucessão ao trono português sempre existiu, pois esse monarca era seu herdeiro legítimo. Sendo também o imperador do Brasil, isso poderia gerar a união de duas coroas sob o mesmo soberano, o que não agradava ao governo de Portugal, que via nessa possibilidade um possível e progressivo enfraquecimento político. Para o Brasil, poderia significar retrocesso e prejuízo à sua emancipação política.
As desconfianças em relação às atitudes de D. Pedro I aumentavam a todo instante. Falava-se que ele desejava uma possível reunificação com Portugal, incentivado pelos portugueses, que circulavam livremente na corte do Rio de Janeiro – espaço político simbólico onde atuavam a situação e a oposição ao governo imperial. Falava-se, também, que o monarca vivia distraído, preocupando-se apenas com os problemas ligados à sucessão do trono português, que defendia em nome de sua filha, D. Maria da Glória (1819-1853), contra a usurpação do irmão D. Miguel (1802-1866). Os ânimos se exaltavam a cada momento.
Nos primeiros dias do mês de abril de 1831, a agitação era intensa. As ruas da capital do Império viviam um momento de extrema inquietação, repletas de grupos que contestavam as atitudes do monarca. No dia 6, muitos se reuniram, desde bem cedo, no Campo de Santana, em meio aos boatos de que o imperador promoveria represálias aos que o combatiam. O jornal Tribuno do Povo, editado no Rio de Janeiro, em sua publicação que circulou no dia 7 de março de 1831, segundo cita o historiador Nelson Werneck Sodré, dizia que valeria “morrer livre do que viver escravo (...). Era aniversário da chegada da corte de D. João ao Brasil e o jornal comentava o evento como de ‘funestas recordações para o Brasil’; aquela corte viera ‘para desdita nossa’; tudo aqui piorara com a sua vinda”.