Diante das necessidades imediatas da corte em terras tropicais, o príncipe regente D. João (1767-1826) permitiu a qualquer pessoa a abertura de escolas de primeiras letras, que, na maioria das vezes, funcionavam na casa do professor (geralmente europeu). Eram frequentadas pelos filhos de famílias abastadas, que recebiam o que, na época, chamava-se formação geral, conduzindo à leitura de livros e de periódicos. Esses privilegiados completavam seus estudos, em geral, em universidades europeias, o que reforçava o objetivo de preencher as necessidades de formação profissional que a cidade do Rio de Janeiro, tomada de modos europeus, carecia em áreas como a do Direito e a da Medicina.
Esses letrados traziam para as terras coloniais os pensamentos liberais que circulavam na Europa naquela época. Apesar das tentativas das autoridades portuguesas de impedir a circulação do que nomeavam como sendo “infames ideias francesas”, livros, folhetos e documentos circulavam clandestinamente, chegados aqui pelas mãos de estudantes brasileiros. Eram leituras que desempenharam um papel importante, alcançando e repercutindo as camadas mais humildes da população. Falava-se, aqui e ali, em murmurações sobre liberdade, igualdade, fraternidade e felicidade. Falava-se.