Temendo a perda de seus negócios, muitos comerciantes e donos de capital tiraram seu dinheiro de circulação, causando sérios problemas, como desemprego, falta de mercadorias, de crédito, etc. Com isso, a desordem nas ruas aumentava, levando o temor às "pessoas de bem" – os brancos – e, sobretudo, àqueles que, por sua posição, constituíam a "boa sociedade".
O receio do agravamento da situação fez com que o grupo dos liberais exaltados se dividisse: parte deles aliou-se ao grupo dos moderados ou chimangos, ou chapéus redondos, sendo a maioria dos exaltados composta pelos elementos das patentes mais baixas do Exército e das camadas médias e inferiores da população, considerados agitadores. Mas, como seus interesses eram variados e não havia coesão de ideias e propostas, a força política dos liberais exaltados acabou bastante prejudicada.
Um mercenário alemão a serviço do Império, Carlos Seidler, descreve da seguinte forma os festejos da população mulata do Rio de Janeiro a respeito da abdicação:
"Ébrios de triunfo e cambaleando de alegria, bem como exaltados pelas bebidas alcoólicas (...), contavam ali uns aos outros do heroísmo brasileiro, do amor da liberdade e do espírito nacional que se erguia até as estrelas". Na sua opinião, "cada mulato esfarrapado considerava-se um príncipe, porque no seu bestunto, a afirmativa orgulhosa de 'Eu sou brasileiro verdadeiro' o nobilitava".
Eram essas as pessoas chamadas de farroupilhas, ou chapéu de palha, ou ainda jurujubas, devido ao nome da praia, em Niterói, de onde vinham para reforçar as manifestações nas praças e nas ruas do centro da cidade, especialmente no Campo de Honra – que já havia se chamado Campo da Cidade e Campo da Aclamação –, atual Campo de Santana.
Os moderados, por sua vez, consideravam o momento bastante intranquilo e diziam que, nessa época, os brasileiros viviam muito mais na praça pública do que nas moradias.
Ao movimento dos exaltados somavam-se os levantes e motins dos batalhões mercenários, formados por estrangeiros, quase sempre ligados aos restauradores, e a balbúrdia das ruas da cidade, causada pela população marginalizada (vadios, escravos, ex-escravos, capoeiras, estrangeiros), também era grande, amedrontando sobremaneira a "boa sociedade".
O medo era tanto que o deputado Evaristo da Veiga, em discurso na Câmara dos Deputados, alertava: "os cidadãos receavam sair, fechavam-se a sete chaves, e os perturbadores da ordem se apoderavam do terreno."
A presença de escravos negros na cidade, que sempre preocupou a população branca, se transformou em quase pânico nos últimos anos, devido às notícias de insurreições negras – reais ou imaginárias – chegadas de vários pontos do Império.
Procurando controlar a situação, a Câmara Municipal determinara, por meio de edital, em 1831, que: "Os escravos que forem encontrados fazendo desordens serão conduzidos ao Calabouço, dando-se imediatamente parte aos Senhores para estes mandarem dar nos motores cem açoites conforme a Lei, e se recusarem a fazê-lo sofrerão a multa de 30$000 e oito dias de pena, bem como os Senhores que deixarem de os castigar".
Outro problema nesse período relacionava-se às Forças Armadas, que desde a Independência tinham assumido um papel de destaque nos assuntos políticos do país. Entretanto, muitos civis, sobretudo políticos do grupo dos liberais moderados, não confiavam nos militares, especialmente devido à grande presença de portugueses nos altos postos, quase sempre ligados aos restauradores.
Para esses representantes da "boa sociedade", essa situação gerava muita apreensão. Eles, que se viam como uma "ampla frente única dos cidadãos ordeiros em contraposição à ação irresponsável dos anarquistas", tinham também grande preocupação quanto à presença de elementos desordeiros entre os soldados rasos, que compunham a "arraia miúda". Essa questão vai gerar conflito entre civis e militares ao longo de todo o Período Regencial.