Para os ingleses, a vinda da corte para a colônia era muito importante, pois, por meio de acordos diplomáticos, poderiam conseguir inúmeras vantagens para os seus negócios. Esse comércio serviria de compensação para os prejuízos econômicos causados pelo Bloqueio Continental. Outro fator de interesse dos ingleses na questão dizia respeito à possibilidade de utilização dos portos brasileiros para fazer chegar suas mercadorias à região do Rio da Prata, bem como facilitar sua estratégia de penetração militar na América espanhola.
A insistência do embaixador inglês em Portugal, Lord Strangford, em convencer o príncipe regente a deixar logo Lisboa relaciona-se ao temor de que a esquadra portuguesa, concentrada no Rio Tejo, caísse em poder das forças napoleônicas. Não interessava aos ingleses que o imperador francês tirasse algum proveito do Reino e de suas colônias. Com a situação ficando cada vez mais tensa, após um segundo ultimato francês, a Coroa portuguesa se viu forçada a assinar uma convenção secreta com a Inglaterra, em 22 de outubro de 1807, pela qual os dois países acertavam os termos de uma cooperação caso Portugal fosse obrigado a se voltar contra a Inglaterra, para evitar a guerra.
A convenção secreta, assinada em Londres por representantes dos dois países, detalhava as várias medidas passíveis de ser tomadas por Portugal na questão e previa as ações necessárias à sua proteção, a cargo da Inglaterra, em qualquer caso. A posse da colônia americana, de cuja riqueza dependia a metrópole, era a preocupação máxima tanto da Coroa portuguesa como da Inglaterra, que a via como grande fonte de lucros.
O documento dispunha, também, sobre a transferência temporária da sede da monarquia portuguesa para a colônia, no caso de Portugal ser invadido. Enfatizava, ainda, a recomendação do príncipe regente para que nenhuma assistência fosse prestada a qualquer oficial francês, nem no Brasil nem na Ilha da Madeira. Esse acordo foi elaborado pelos ingleses, por meio do Lord Strangford, que buscava tornar o governo português ainda mais dependente e, com isso, obter o maior número de concessões possível.