Diante da ameaça representada pelos piratas e contrabandistas, a Coroa lusa entendia ser urgente assegurar o domínio das suas terras americanas, já que não havia organizado, até então, um plano de ocupação efetiva daquelas terras. Para Portugal, o Tratado de Tordesilhas não poderia prosseguir sendo desconsiderado pelos reinos não signatários. Era premente e inadiável assegurar o monopólio da exploração da madeira do pau-brasil, protegendo a terra descoberta das investidas daqueles chamados pela Coroa portuguesa de estrangeiros vis e infames. A ofensiva traduziu-se na organização das chamadas Expedições Guarda-Costas.
Em 1516 e em 1526, duas expedições foram enviadas para cá pelo governo de Portugal, objetivando garantir a posse das terras americanas. Comandadas pelo experiente navegador Cristóvão Jacques (1480-1530), tinham como missão explorar o litoral, enfrentando a pirataria oficial e a criminosa, que ignoravam os termos do Tratado de Tordesilhas. Essa ofensiva da Coroa portuguesa visava reprimir a presença de estrangeiros – franceses, em especial – que promoviam investidas, entre o século XV e o XVIII, na costa das terras americanas (incluindo a região da Baía de Guanabara). Diante da extensão litorânea, as dificuldades foram imensas, e essas expedições não alcançaram o êxito almejado. Mais adiante, a criação do sistema de capitanias hereditárias teve como um dos principais objetivos enfrentar os ataques daqueles que a Coroa lusa nomeava como malfeitores. Certamente, essa ação pretendia garantir e manter o que constava no acordo de 1494 – “por inteiro, não pela metade”.