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A Queda da Bastilha, um dos marcos da Revolução Francesa, evento histórico que deflagra mudanças culturais que deram início ao romantismo. Aquarela (50,5 x 37,8 cm) de Jean-Pierre Houël, 1789. Domínio público, Biblioteca Nacional da França

A partir da primeira metade do século XVIII, na Inglaterra e na Alemanha, alguns autores passaram a expressar as emoções em suas obras, falando em sentimentos de amor e saudade num tom pessoal ou de amor à pátria, inspirados nas tradições nacionais. Era o nascimento do romantismo, movimento cultural que atingiu a França, onde, em contato com os ideais da Revolução Francesa, ganhou novo impulso, espalhando-se por outras nações da Europa e pela América.

Foi graças ao romantismo que, durante o século XIX, artistas e intelectuais brasileiros começaram a se preocupar em mostrar em suas obras as características de uma nação recém-fundada, distinta de todas as outras nações. Tratava-se de destacar os sentimentos e valores nacionais que nos tornavam diferentes, possibilitando a construção da nossa identidade. Para isso, artistas e intelectuais deveriam buscar nas tradições, religião, costumes, história e natureza o material que permitisse expressar a nossa nacionalidade. Assim, no Brasil, o romantismo adquiriu características especiais, defendendo os motivos e temas brasileiros, principalmente indígenas, expressos numa linguagem também nova, mais próxima da fala popular brasileira e mais distante da portuguesa.

Após a Independência começou-se a discutir a questão do "ser brasileiro". Para as elites do Centro-Sul, era necessário não só fortalecer o seu poder como também definir a face da nação. Buscava-se a nossa identidade em meio a tantas diferenças e misturas étnicas.

O patriotismo, o desejo de construção de uma pátria brasileira, deveria ser o estímulo e dever do escritor, a sua contribuição para a grandeza da nação, "um ato de brasilidade", como afirma o crítico literário Antonio Candido.

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O lançamento, em 1836, do manifesto romântico na revista Niterói, escrita por brasileiros que moravam em Paris, é tido como o marco inicial do movimento romântico no Brasil. Domínio público, Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

Entre os anos de 1833 e 1836, um grupo de jovens brasileiros que morava em Paris travou contato com as novas ideias dos intelectuais franceses que faziam parte do Institut Historique. Em 1836, ainda em Paris, esse mesmo grupo, conhecido como o Grupo de Paris, lançou o manifesto romântico na revista Niterói, Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, que pode ser considerado um marco do romantismo brasileiro, uma espécie de porta-voz dos novos ideais românticos. Sob o lema "Tudo pelo Brasil, e para o Brasil", os organizadores da revista buscavam dizer o que significava "ser brasileiro", exaltando a busca de temáticas nacionais, anunciando, assim, o projeto nativista, no qual o índio seria o elemento básico da brasilidade.

Em 1837, o poeta e dramaturgo Domingos José Gonçalves de Magalhães, um dos fundadores da Niterói, e outros componentes do Grupo de Paris já estavam no Rio de Janeiro. Ao lado de Joaquim Manuel de Macedo, Gonçalves Dias e Francisco Adolfo de Varnhagen, considerado o fundador da historiografia brasileira, passaram a frequentar o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em cuja revista divulgavam suas ideias. A proteção de D. Pedro II ao Instituto fortaleceu o grupo de Gonçalves de Magalhães, que ficou conhecido por seu vínculo com o imperador.