O surgimento da indústria do charque modificou o quadro no Rio Grande. As charqueadas permitiram o aproveitamento da carne até então sem valor de mercado. A primeira charqueada foi realizada em 1780, pelo cearense José Pinto Martins, nas margens do Rio Pelotas. As instalações eram simples, constando de um galpão onde se preparava e salgava a carne e dos secadores ao ar livre.
As charqueadas representaram uma verdadeira revolução no panorama pastoril do Rio Grande do Sul, integrando a região ao abastecimento das populações coloniais, principalmente da região mineradora. No final do século XVIII, a indústria do charque conheceu rápido desenvolvimento. Em 1797, a capitania já exportava 13 mil arrobas (cada arroba corresponde a aproximadamente 14,7kg de charque). A carne era enviada ao Rio de Janeiro, Bahia, outros portos do litoral e até exportada para Havana, em Cuba.
Enquanto na atividade criatória os trabalhadores eram homens livres, como no sertão nordestino, nas charqueadas o escravo negro foi usado com frequência. A capitania do Rio Grande foi considerada o "inferno dos negros", pois lá tratavam os escravos rudemente, como bem retrata a lenda do Negrinho do Pastoreio.
No final do século XVIII, as diversas regiões da colônia estavam ligadas entre si pelos "caminhos do gado". Avançando por quase toda a extensão do território, o gado abriu caminhos que formaram as bases de muitas ferrovias e rodovias. Criou-se um mercado interno, promovendo-se intenso comércio: gado e escravos do Nordeste e reses e mulas do Rio Grande do Sul. Apesar de ter sido uma atividade secundária, a pecuária desenvolveu o mercado interno, possibilitando que a maior parte dos lucros gerados por ela ficassem na colônia.