Cidades e vilas coloniais eram o ponto de partida da colonização portuguesa na América. Pela "porta" que se abria para o sertão, passavam todos os que iam conquistar e ocupar aquele vasto território, transformando-o em uma região colonial. Eram leigos e religiosos, guerreiros e missionários, comerciantes e funcionários régios.
Os donatários doavam sesmarias aos cristãos que demonstrassem condições para aproveitá-las. Esses homens escravizavam os nativos, plantavam cana-de-açúcar, criavam gado e erguiam engenhos. Estavam se transformando em colonos.
Nas últimas décadas do século XVI, o número de negros africanos nas fazendas de cana-de-açúcar e nos engenhos começou a aumentar. Eles eram utilizados como escravos, em substituição aos nativos.
Homens livres, mas sem recursos para conseguir uma sesmaria, obtinham autorização de um senhor de engenho ou de um fazendeiro para morar em suas terras. Em troca, prestavam alguns serviços e assumiam certas obrigações. A defesa da propriedade era uma delas. Defesa em caso de ataques de grupos indígenas hostis, de insurreição ou fuga de escravos, de hostilidade de proprietários vizinhos ou ameaça de estrangeiros. Esses homens livres passaram a ser chamados de moradores ou agregados, à medida que também estavam se tornando colonizados.
Os jesuítas fundavam aldeamentos, onde os nativos reunidos recebiam ensinamentos da fé cristã e eram habituados ao trabalho sedentário. Nativos que estavam sendo transformados em fiéis e em colonizados.
A colonização começava a preencher o vasto sertão com canaviais, cabeças de gado, escravos negros e índios. E ainda com senhores de engenho, fazendeiros, jesuítas, guerreiros, comerciantes, moradores e agregados. Enfim, com colonizadores, colonos e colonizados. A colonização ia transformando o sertão em região colonial, um território dominado e submetido aos interesses do Reino de Portugal.
No decorrer dos séculos XVI, XVII e XVIII, a colonização avançou pelo território, e as diferentes regiões foram se constituindo. O ponto de partida continuava o mesmo: a criação de núcleos urbanos.
Foi assim nas Minas Gerais. Nos últimos anos do século XVII e primeiros do século seguinte, a descoberta de metais preciosos nos sertões das Gerais provocou conflitos de extrema violência – a Guerra dos Emboabas. Paulistas que haviam descoberto ricas jazidas se opunham aos "estrangeiros" que para lá afluíam, os emboabas. As autoridades portuguesas transformaram os arraiais criados por paulistas e emboabas em vilas, "para que nelas, e em seus termos, vivessem os mesmos povos em sociedade, segundo as leis", conforme recorda José João Teixeira Coelho, na sua Instrução para o Governo da Capitania de Minas Gerais. A imposição da ordem metropolitana fazia surgir a região das Minas Gerais, um território submetido aos interesses dos colonizadores.